quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Temporada paulistana 1 - Ave Cruz, Céu

Na semana passada Pindzim esteve em São Paulo para acompanhar alguns shows concentrados em poucos dias na capital. O curioso é que tenha saído de terras cariocas justamente para conferir velhas - mas sempre boas - atrações da cidade maravilhosa. Encontrou uma terra da garoa seca e fria, mas valeu a pena. Especialmente pela primeira apresentação. Confira nas próximas postagens comentários sobre minha temporada paulistana.

Ave Cruz, meu Deus do Céu
Tendo assistido a todos os shows de Céu aqui no Rio de Janeiro, Pindzim resolveu que era hora de assisti-la em casa, diante de um público cativo, pois aqui ainda não rolou esse show ideal, para um público exclusivamente seu. E o Sesc Pompéia não poderia ser melhor, com seu palco centralizado entre dois lances de cadeiras, os integrantes da banda frente a frente com a cantora a flanar de um lado a outro, aproximando-se dos fãs mais ardorosos que se colaram ao palco ao som dos primeiros acordes de "Roda". Antes, a novidade de uma música inédita fez-se anunciar. Mas tratava-se apenas de uma vinheta para dar início ao espetáculo, quem sabe uma música ainda em processo de composição cuja integridade ainda está por vir.

Pindzim viu uma Céu cada vez melhor no palco, algo corriqueiro em se tratando dela, como se fosse fácil ir sempre mais além a cada passo. A cantora citou uma expressão eternizada pelo mestre Paulinho da Viola que talvez explique tal disposição: meu tempo é hoje. Céu é a cantora do agora. Sua música é aberta a imprevisibilidade, vai adquirindo novas formas no instante único de cada execução. Em uma brecha aberta pela cantora nos vocais, o DJ Marco insere a segunda voz, impõem idas e vindas através dos scratches, até que ambas as vozes encontrem-se em uníssono. A melodia conduzida pela voz em intercâmbio com o teclado de Guilherme Ribeiro. As variantes rítmicas determinadas pela bateria de Sérgio Machado e as múltiplas possibilidades percussivas de Bruno Buarque. Lucas Martins altenrando-se entre a gravidade densa do baixo e o suíngue malemolente da guitarra. Tudo girando em torno da voz. A cantora exalando segurança, simpatia e alegria ininterruptas ao longo da apresentação. Em uma troca bonita, espontaneamente, o público canta junto em trechos de "Lenda", "Malemolência" e "10 Contados". No bis, Céu rege o coro em "Bobagem", antes de se despedir de um público extasiado. Se Pindzim pudesse dizer uma frase única para cantora seria: "não se atrase na volta, não! Não, não, não, não."

Céu apresentou todas as músicas do disco de estréia, exceto "Samba na Sola" e "Valsa para Biu Roque", com destaque para a nem sempre tocada ao vivo "Véu da Noite", levada em um improviso jazzístico onde brilha o virtuosismo dos músicos que a acompanham. O já nem tão novo ragga, para quem acompanha atentamente a carreira da cantora, seja nos shows ou através do Youtube, ganhou nome: "Sonâmbulo". O melhor é que esta grande apresentação poderá ser revista, gravada e eternizada pois foi registrada pelas câmeras do Bem Brasil e vai ao ar em 22 de setembro na TV Cultura.

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