segunda-feira, 13 de julho de 2009

As milongas de Jorge Luis Borges por Vitor Ramil

Considerado pelo próprio Vitor Ramil como um marco zero em sua carreira, Ramilonga - A Estética do Frio (1997) vai ganhar uma nova edição remixada e remasterizada com direito a faixa-bônus e capa nova. Deveria ter saído em 2007, em comemoração aos dez anos de seu lançamento, mas acabou ficando para 2009, embora ainda sem uma data definida.

Além de resgatar a obra seminal de sua carreira, que marca o seu retorno a Pelotas natal depois de um período morando no Rio de Janeiro e o princípio de uma carreira independente bem sucedida, anos antes da falência das grandes gravadoras, Vitor Ramil faz um retorno à tradição milongueira iniciada muito antes de Ramilonga em seu segundo disco - A Paixão de V. Segundo Ele Próprio (1984). Nele estão presentes "Semeadura", gravada por Mercedes Sosa, e "Milonga de Manuel Flores", uma parceria com o escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986).

Pois esta parceria póstuma vai ser retomada em disco de inéditas gravado na Argentina (parte das sessões aconteceram no mês de junho). Ramil vai gravar oito milongas escritas por Borges com a intenção de que fossem transformadas em músicas. Caberá ao brasileiro ser o primeiro a registrá-las juntas em um único álbum.

O escritor argentino, porém, não estará sozinho. O poeta gaúcho de tradição oral João da Cunha Vargas (1900-1980), vai compor, digamos, a porção brasileira do álbum. Ramil musicara três de seus poemas em Ramilonga ("Gaudério", "Último Pedido" e "Deixando o Pago"). Ainda hoje, brilham os olhos do autor ao lembrar do momento em que fez a música para esta última, cuja interpretação pode ser vista logo abaixo. Pois no disco novo, Ramil vai regravá-la.



Depois de três discos de canções (Tambong, Longes e Satolep Sambatown), Ramil volta duplamente às milongas para mais uma vez redefinir as fronteiras musicais dos pampas, e as suas próprias, recapitulando a sua primeira imersão milongueira e projetando a contemporainedade de sua obra através das sugestões poéticas de imagens do passado, a exemplo do que faz em sua obra literária.

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